A primeira vez que vi Miró foi num documentário sobre poesia marginal. E me incomodou sua atitude performática ao extremo, sua verborragia, suas contorções corporais, de tal modo que se perderam as palavras do poeta magrelo "preto, pobre e periférico", como então se definiu.
Depois eu vi Miró frente a frente, cortante feito navalha na carne da realidade. Como ignorar o dedo na cara da burguesia; os bois com nome, endereço e CPF; a verdade jorrando da boca e os gestos soltos, o corpo todo expressando a dor de quem se entrega à sanha dos atiradores de pedra, dos linchadores de poetas, dos matadores da palavra nascente, mas nunca se cala?.
Quem já viu/ouviu Miró sabe que sua verdade interior explode feito panela de pressão, em palavras e gestos inseparáveis. Inteiro, total e unicamente Miró.
Domingo, 8 de dezembro de 2013.
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