Canções da Quarta-Feira

23:32

Leonardo Dantas Silva me manda e-mail com letras de canções do Carnaval pernambucano. Autor do livro Carnaval do Recife, jornalista e pesquisador, ele fala dos sentimentos que nos assolam na Quarta-Feira de Cinzas, que chega só pra contrariar, dando início a Quaresma que, no passado, era tempo de reflexão, jejum e abstinência de carne, mas hoje é só o aviso de que está na hora de começar a planejar o feriadão da Semana Santa.


Leonardo lista uma série de canções, a maioria falando da saudade do Carnaval. O pernambucano é nostálgico e tradicionalista, nossas canções carnavalescas falam da saudade de quem morreu, dos amores que se acabaram, dos blocos antigos, do que podia ter sido e não foi... Mas também tem aquelas,  acho que a maioria é de Capiba e Luiz Bandeira, que são só alegria. Selecionei algumas  das minhas preferidas, pelas letras lindas e poéticas ou simplesmente contagiantes:
 Cordão da Saideira, de Edu Lobo
 Hoje não tem dança, / não tem mais menina de trança/ nem cheiro de lança no ar./
Hoje não tem frevo,/ tem gente que passa com medo/ e na praça ninguém pra cantar./  
Me lembro tanto/ é tão grande a saudade/ que até parece verdade/ que o tempo inda pode voltar./ 
Tempo da praia de ponta de pedra,/ das noites de lua,/dos blocos de rua./ 
Do susto e a carreira/  na caramboleira do bumba-meu-boi. / Que tempo que foi!/
Agulha frita, munguzá, cravo e canela/ serenata eu fiz pra ela/ cada noite de luar.
                          Mas hoje não tem dança....
Tempo do corso na Rua da Aurora,/ é moço no passo,/
Menina e senhora no bonde de Olinda/ pra baixo e pra cima, no caramanchão./ Esqueço mais não!/
E frevo ainda, apesar da quarta-feira/ no cordão da saideira,/ vendo a vida se enfeitar

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De chapéu de sol aberto, de Capiba
De chapéu de sol aberto, pelas ruas, eu vou.
A multidão me acompanha, eu vou.
Eu vou e venho, pra onde não sei.
Só sei que carrego alegria pra dar e vender
(Deixa o barco correr).
Espero o ano inteiro, até ver chegar fevereiro
Para ouvir o clarim clarinar e a alegria chegar!
Esta alegria que em mim, parece que não terá fim
Mas se um dia o frevo acabar, juro que vou chorar...
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Terceiro dia, de Geraldo Costa e José Menezes
Na madrugada do terceiro dia,/ chega a tristeza e vai embora a alegria.
Os foliões vão regressando/ e o nosso frevo diz adeus à folia
A noite morre, o sol vem chegando/ e a tristeza vai aumentando./
A gente sente uma saudade sem igual,/ que só termina / com um novo Carnaval.

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É de fazer chorar, de Luiz Bandeira
 É de fazer chorar, quando o dia amanhece e obriga o frevo acabar/
Ó quarta-feira ingrata!  Chega tão depressa, só pra contrariar./
Quem é de fato, um bom pernambucano/
espera um ano, e se mete na brincadeira./
Esquece tudo, quando cai no frevo/
e no melhor da festa,/ vem a quarta-feira.

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 Frevo nº 1 do Recife, de Antônio Maria 
Ô, ô, ô, ô, ô... saudade,/ saudade tão grande.
Saudade que eu sinto/ do Clube das Pás, do Vassouras.
Passistas traçando tesouras,/ nas ruas repletas de lá...
Batidas de bombo, /são maracatus retardados,/
Chegando à cidade, cansados,/ com seus estandartes no ar.

Que adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande que eu até me embaraço.
Parece que eu vejo Valfrido Cebola, no passo;/
Haroldo Fatia, Colaço... Recife está perto de mim.
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Bom Demais, de J. Michilles
Tem mais que estar nessa,/ fazendo misura na ponta do pé/
Quando o frevo começa, ninguém me segura./ Vem ver como é.
O frevo madruga, lá em São José./ Depois em Olinda, na praça do Jacaré
Bom demais, bom demais, bom demais, bom demais
Menina vem depressa que esse frevo é bom demais
Bom demais, bom demais, bom demais, bom demais
Menina vamos nessa, que esse frevo é bom demais.
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Recife N. 3, de Capiba
Sou do Recife, com orgulho e com saudade
Sou do Recife, com vontade de chorar
O rio passa levando barcaça pro alto do mar
Em mim não passa essa vontade de chorar
Recife mandou me chamar. Capiba e Zumba
A essa hora onde é que estão
Inês e Roza, em que reinado reinarão?
Ascenso me mande um cartão.
Rua Antiga da Harmonia, da Amizade, da Saudade e da União
São lembranças noite e dia. Nelson Ferreira toca aquela introdução.
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Poderia listar mais uma centena, todas maravilhosas...
Obrigada, Leonardo, até o próximo Carnaval.


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