A primeira químio a gente nunca esquece

10:54


Finalmente fiz minha primeira sessão de quimioterapia, dia 8, no Centro Pernambucano de Oncologia-CPO, numa rua bem tranquila da Ilha do Leite. A equipe me recebeu como se eu fosse a Kate Mindleton chegando para dar à luz o príncipe! Naturalmente o pessoal é treinado para atender à pão-de-ló todas as pacientes, mulheres fragilizadas que precisam de cuidados e carinho.

A quimio só começou depois de me recuperar do estresse e retirar o seroma (líquido) que se formou no seio (uma reação relativamente comum à retirada de linfonodos da axila). Minha oncologista, Roberta Torreão, pediu uma bateria de exames: radiografia do tórax, densitometria e cintilografia óssea, ultrassom do abdômen total, avaliação cardiológica, sumário de urina e todos os relacionados ao sangue. Porquê? Ora, porque a químio  tem repercussão em vários órgãos do corpo. O coração, por exemplo, tem de ser monitorado a cada três meses, pois a carga de medicamentos pode sobrecarregá-lo.

Valeu a pena ter pago tão caro por exames anatomopatólogicos e imunoistoquímicos. Estes últimos determinam o subtipo do câncer, o que é essencial para se estabelecer a terapia  mais apropriada para combater as deficiências moleculares de cada paciente. Meu subtipo molecular é Luminal B/HER-2 (híbrido), segundo os estudos de um tal de Cheang, realizados em 2008/2009 (graças a ele agora se sabe qual terapia vai atingir melhor o alvo). Roberta definiu que vou fazer quatro sessões de quimio vermelha (uma a cada 21 dias, portanto até fevereiro), 12 semanas de quimio branca, radioterapia e hormonoterapia. Mesmo sem perder o seio nem retirar todos os linfonodos meu tratamento será demorado e mais complexo, porque sou sensível a uma proteína que não vale a pena identificar aqui. Ela também marcou data para meu cabelo cair: 15 dias após a aplicação, ou seja, 22 de novembro. Será? Eu tenho muito cabelo, e ele continua bem preso na cabeça. Talvez caia com a segunda aplicação, porque os efeitos são acumulativos... De qualquer forma, já providenciei uma peruca e vários lenços bem  bonitos.

Nesta primeira fase, que vai durar quatro meses, está descartada a possibilidade de emagrecer com a quimio, recuperando minha cinturinha, o que muito me decepcionou. Acontece que a coisa começa com uma aplicação de corticoide, o que incha a pessoa; em compensação dá um tremendo rubor, parece que a gente esteve um dia inteiro na praia... Não  vomitei, porque existe medicação para controlar os enjoos; e a fadiga nas pernas é uma ótima desculpa para ficar no sofá lendo, vendo filmes...A cada aplicação o paciente leva uns cinco dias para se recuperar dos efeitos. Depois dessa fase punk a fase branca é bem mais light, sem enjoo nem corticoide, mas a radioterapia, localizada, queima a pele, que fica escura e ressecada. Pelas minhas contas ela vai começar pelo final de maio: melhor assim, vai pegar os meses mais frios/chuvosos, quando normalmente não vou à praia. No total, o ano de 2014 vai ser inteiramente voltado ao tratamento. Como diz minha irmã, Nalvinha, "e vamos que vamos". 

You Might Also Like

4 comentários

  1. Cada vez mais vibro com sua garra e positividade ! parabéns , minha guerreira linda ! bjus

    Katia Molin

    ResponderExcluir
  2. Mãe, ótimo relato! Super bem escrito, e leve sem deixar de ser sério. Tô contigo em pensamento todos os dias e todas as horas! TE AMO MUITO! Você É a melhor mãe do mundo :)

    ResponderExcluir
  3. E você é melhor filha do mundo, sempre me dando força. Te amo.,

    ResponderExcluir
  4. Mariza, é Bárbara, cunhada de Acayne, lembra né? Torcendo bem muito pela senhora!!! Um abraço bem forte.

    ResponderExcluir

Bloglovin'

Siga no Bloglovin'

Follow