Apareceu um câncer em mim!

18:57

Hoje faz 55 dias que fui operada. Passei por uma quadrantectomia e retirada de três linfonodos na axila, no dia 17 de setembro, e há apenas cinco dias fiz a primeira sessão de quimioterapia vermelha. Nossa, parece mais tempo...

Esta história começa em julho de 2013. Em algum momento, deitada no sofá vendo um filme ou lendo na cama antes de dormir, percebi um nódulo no alto do seio esquerdo. Não me impressionei: já tive cistos antes e fiz punções; em 2011 tive um nódulo, fiz biópsia e deu negativo. Podia apenas ser mais um. Mas no fundo eu sabia que dessa vez a coisa tinha grande chance de ser séria. Tinha contra mim o fator genético, pois minha mãe morreu de câncer de fígado; o sedentarismo; alimentação irregular; estresse e uma personalidade introspectiva. E tinha relaxado meus exames: depois de 30 anos fazendo mamografia e ultrassonografia religiosamente, estava de saco cheio. Em 2012, envolvida com o trabalho e meus projetos pessoais, simplesmente esqueci a ida ao médico.

Tentei adiar o momento de encarar um diagnóstico, porque estava com viagem de férias programada para outubro. Iria para Portugal e Espanha com minha irmã, encontraríamos minha filha e genro e faríamos belos passeios de carro. Eu estava cansada e estressada, precisava muito dessas férias, sonhava com noitadas de fados, vinho e bacalhau.

Mas uma outra irmã também descobriu um nódulo! Rapidamente ela procurou uma mastologista, que marcou a retirada cirúrgica, falando da importância de extirpar  algo ruim que esteja dentro da gente. Aí, percebi que estava sendo irresponsável com minha saúde. Além disso, minha irmã estava frágil, em meio a um processo de separação, e precisaria de cuidados com sua cirurgia. Desisti das férias.

No dia seguinte à conversa com minha irmã, procurei um mastologista. Em dois dias fiz mamografia, ultrassonografia e core biópsia. O resultado não me surpreendeu: carcinoma ductal infiltrativo, grau III na escala de Nottingham. Era uma quinta-feira e o médico marcou minha cirurgia para a terça-feira seguinte. Mas resolvi procurar outro profissional porque ele mal me olhou, não pediu exames importantes - como o parecer cardíaco - e não disse as palavras mágicas que todo paciente espera:

"não se preocupe, vai dar tudo certo".

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3 comentários

  1. Companheira, corajosa, a sua atitude, de expor e de partilhar conosco sua experiência. Vou acompanhar a sua luta e seguir rezando pela sua total recuperação. Se precisar de mim para qualquer coisa, tipo conversar besteira, levar recado, cumprir um encargo e até ficar calada - o que, por incrível que pareça, eu consigo - tenha a certeza de que estarei por perto.
    Já fiz a minha demagogia antes, vou fazer de novo: a vida é maior.
    Beijos mil e o carinho de sempr,
    Lêda

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  2. Obrigada querida. Minha ideia é ir além de apenas desabafar. Quero colocar entrevistas com profissionais e indicar serviços que possam ajudar outras pessoas. Descobri que não sabia nada sobre câncer, e como eu há milhares de pessoas. Vou compartilhar o que estou aprendendo. Beijos.

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  3. Mariza....fico na torcida para dar tudo certo....Gostei muito do blog. bjs e tudo de bom

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